“A Ciência é coletiva”: estagiário do MHN participa de curso na USP

“Mais ou menos no final de 2023, eu vi que tinha aberto a seleção do Curso de Verão de Zoologia lá da Universidade de São Paulo. Eu pensei em não me inscrever, mas, no último dia, eu me inscrevi”.

Foi o que disse Gabriel Nascimento, estagiário no setor de Herpetologia do Museu de História Natural, ao relatar sua experiência no XII Curso de Verão em Zoologia 2024. 

Ele é estudante de Biologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e, há três anos, desempenha um projeto de pesquisa intitulado “Diversidade Morfológica e Dieta da Jararaca Bothrops leucurus”, espécie de jararaca muito comum em Alagoas. 

Segundo o jovem de 25 anos, um dos selecionados de todo o Brasil, o momento foi muito importante para ele "não só como futuro biólogo e pesquisador, mas também como pessoa”. 

Para se inscrever no Curso de Verão, um formulário deveria ser preenchido, o currículo enviado e depois aguardar o resultado. As despesas para chegar até lá, contudo, eram por conta do próprio estudante e esse foi um fator decisivo para Gabriel. 

“No início de novembro, recebi um e-mail dizendo que eu tinha sido selecionado. Só que aí veio todo o desafio, porque eu não tinha condições financeiras de arcar com todas as despesas da viagem, porque ir a São Paulo é muito caro, é uma cidade muito cara”, relatou. 

Foi nesse momento que seus amigos resolveram ajudar. Eles propuseram a organização de uma rifa para que Gabriel pudesse participar do curso. O estudante assegura que a ideia foi muito bem recebida por todos que contribuíram.

“Muitas pessoas, até de outros estados, me ajudaram, mandaram mensagens de acolhimento e incentivo para que eu fosse”. E assim aconteceu. 

Foram 15 dias de imersão na Zoologia, no estudo dos animais, com aprendizados sobre taxonomia, sistemática, filogenia, sobre a própria história da Ciência, da Zoologia no Brasil e no mundo. 

“Eu conheci a USP, o Museu de Zoologia, além de ficar uma semana no Instituto Butantan. Lá, eu estagiei no Laboratório Especial de Coleções Zoológicas, que é de responsabilidade do professor Felipe Grazziotin, curador da coleção de répteis”, detalhou.

Gabriel foi com o intuito de aumentar sua coleta de dados, para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Além da Bothrops leucurus, sua espécie de estudo, ele pôde aprender sobre outras jararacas, ampliando ainda mais as informações que possuía. 

“Eu tenho muito orgulho de ter representado o meu estado, o Museu de História Natural e o meu laboratório”, afirmou, de maneira firme e orgulhosa. Ele ressaltou, ainda, o apoio imprescindível recebido de suas orientadoras do museu, Selma Torquato e Tamí Mott.

Gabriel confessa que não foi fácil, mas através das ajudas, do esforço coletivo, ele participou de uma “experiência inesquecível”. “A Ciência é coletiva, não é individual. Eu pude entender que existe coletividade, então levei isso comigo”, finalizou.