Ufal sedia o 1º Encontro Nordeste de Museus Universitários
Realizado em Maceió, o evento reuniu representantes de universidades nordestinas para debater a valorização, os desafios e o futuro dos museus vinculados às instituições federais de ensino superior.
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Nos dias 10 e 11 de junho, Maceió sediou o I Encontro Nordeste de Museus Universitários. Realizado no auditório do Tribunal de Justiça de Alagoas, o evento reuniu técnicos, docentes, gestores e representantes de instituições culturais de vários estados para discutir a realidade dos museus universitários e a necessidade de ações coletivas para sua preservação e fortalecimento.
O encontro teve como principal objetivo promover o intercâmbio de experiências, buscando soluções conjuntas para problemas estruturais, orçamentários e de gestão. Entre os temas abordados estiveram o Acórdão 1243/2019 do TCU, a necessidade de institucionalização dos museus nas universidades e a criação de uma rede de cooperação interinstitucional.
De acordo com Hildenia Oliveira, diretora do Museu Theo Brandão, por causa da pandemia da Covid-19, as discussões sobre o Acórdão não puderam prosseguir. Mas há dois anos, as instituições vêm se movimentando.
“A intenção de criar um Encontro Nordeste vem da gente resolver questões que não conseguimos sozinhos, então isso foi apresentado ao MEC, ao Minc, ao Ibram... A gente teve o apoio para finalmente realizarmos o evento. A partir do momento que temos um Acordo de Cooperação entre as Universidades do Nordeste, a gente também tem um fortalecimento das ações daqui. São ações pensadas não apenas para resolver o Acórdão, mas também de todo tipo de ordem que a gente puder cooperar entre as universidades.”.
A mesa de abertura contou com a presença de autoridades, como o reitor da UFAL, Josealdo Tonholo, o desembargador Tutmés Airan, representantes do Ibram e do Ministério da Cultura. Ao longo da programação, representantes da UFAL, UFRN, UFBA, UFC, UFPE, UFPB, UFRPE e UFS compartilharam diagnósticos de seus museus.
“Esse evento foi muito importante para fortalecer a cooperação entre universidades federais do Nordeste em defesa dos museus universitários. Ao reunir reitores, gestores, museólogos e outros profissionais que atuam em museus, a iniciativa foi importante para a discussão e início da formulação de políticas conjuntas voltadas à preservação do patrimônio, à gestão museológica e à captação de recursos. Medidas que irão beneficiar e fortalecer o MHN e demais museus da UFAL.” Afirma Filipe Nascimento, diretor do Museu de História Natural.
Diagnóstico da realidade dos museus universitários
Também foram debatidas propostas de formação continuada para profissionais da museologia, a curricularização da extensão e a criação de centros de referência museológica no Nordeste.
A troca de experiências entre os representantes das instituições revelou problemas comuns: estruturas prediais comprometidas, falta de recursos, ausência de pessoal técnico e carência de políticas públicas de longo prazo. Ainda assim, os participantes reafirmaram o papel dos museus universitários como espaços estratégicos para a educação, a memória e a cidadania.
Patrícia Gomes, diretora do Usina Ciência, ressalta como a ausência de recursos para os projetos, impede a manutenção dos bolsistas, além de comprometer o trabalho, visto que o museu funciona apenas três dias na semana.
“O Evento vem como um marco para pensar, de modo sistêmico, em soluções, estratégias, dialogar com as instâncias maiores, sobre as nossas necessidades e demandas, além da importância da potência desses equipamentos para a sociedade de modo geral.”.
Ao final do evento, foram propostos os seguintes encaminhamentos:
- Criação de uma rede nordestina de museus universitários.
- Elaboração de matriz orçamentária específica para museus vinculados às universidades.
- Criação de banco de dados regional com compartilhamento de expertise técnica e recursos humanos.
- Parcerias com o Ibram e outros órgãos para formação, financiamento e protocolos de segurança.
A proposta de construção colaborativa de um plano museológico participativo e a defesa da profissão de museólogo como função de Estado também foram destaques nas discussões.
O I Encontro Nordeste de Museus Universitários marcou o início de uma mobilização regional por políticas públicas que valorizem a memória, o conhecimento e o papel das universidades na preservação do patrimônio cultural. Mais do que diagnósticos, o evento apontou caminhos possíveis para consolidar os museus universitários como espaços permanentes de acesso democrático à cultura e à ciência.
Fotos por: Renner Boldrino